abril 06, 2008

Violencia contra os filhos



Psiquiatra forense há mais de 30 anos e presidente da Academia de Medicina de São Paulo, Guido Palomba fala em tese, pois faz questão de ressaltar que não é possível se pronunciar sobre o caso da menina Isabella.

A respeito de casos de violência contra os filhos.

Segundo ele, é um comportamento menos raro do que se imagina, que nasce de um profundo egoísmo aliado a predisposições para "curtos-circuitos cerebrais", que não permitem que haja limites no sentimento de raiva.

ÉPOCA - A maioria dos pais morreria para proteger seus filhos. Por que alguns maltratam gravemente e até matam suas crianças?
Guido Palomba - Antes de tudo é preciso que se saiba que isso não é tão raro quanto se pensa. Há inúmeros casos na psiquiatria forense de pais e mães que agridem seus filhos de forma intensa, batem, jogam na parede, acertam com objetos pesados. Crianças de tenra idade. Nesses momentos, acontece o que nós, especialistas, chamamos de ato em curto-circuito, em que existe um estreitamente da consciência. É como se a pessoa tivesse um cabresto mental e não consegue controlar seu sentimento de raiva. Eu, sozinho, nos meus casos como psiquiatra forense, já peguei pelo menos 25 casos de pais que agrediram seus filhos ou os mataram com agressões descontroladas.

ÉPOCA - Isso pode acontecer com qualquer pessoa?
Palomba - Não, é preciso ter uma predisposição cerebral para isso. A maioria das pessoas jamais terá uma reaçao assim descontrolada. Especialmente porque tais agressões muitas vezes ocorrem sem que o estímulo seja correspondente à intensidade do ato.

ÉPOCA - E quais são esses pequenos estímulos que resultam em agressões até fatais?
Palomba - Um pequeno mal-estar interior. Uma barulho que criança faz e atrapalha o pai a ver a televisão. Estar com muito sono e o filho não dormir de jeito algum. Querer sair e não poder. Expressões de protesto pessoaise pequenas. Diante disso, esquecem os limites e criam um histórico de agressões que vai crescendo e numa determinada hora pode ser fatal.

ÉPOCA - É possível saber de antemão que o tipo de pessoa seria capaz de atitudes tão agressivas?
Palomba - Não há como dizer. Há algum tempo criei uma expressão, a condutopatia - que hoje em dia está no Dicionário Aurélio -, que significa aquele indivíduo que está numa zona entre a normalidade e a doença mental. Mas isso não é visto a 'olho nu'. Aparentemente são como qualquer outra pessoa, mas tem distúrbios de conduta e são capazes, num momento específico, depraticar atos anormais como jogar algo pesado em cima do próprio filho ou jogá-lo no fundo de um poço num ato de fúria. Há três características marcantes nos condutopatas: o egoísmo, a necessidade de satisfazer seus interesses e as falhas nos valores éticos e morais.

ÉPOCA - Mas não há premeditação?
Palomba - Nesses casos, não. Se há morte, é resultado da falta de limites, do descontrole. Se houve premeditação da morte, já se trata de outro tipo de patologia. São indivíduos anti-sociais, que têm delírios alucinatórios, psicoses maníaco-depressivas e uma total insensibilidade em relação ao outro. Nesses casos, os transtornos mentais são mais facilmente perceptíveis por quem está em volta.

Epoca noticias

1 Fez tchbum

Ricardo Rayol disse...

o mundo é bizarro

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