dezembro 08, 2009

O homem que odiava

Acabou de ser publicado no blog da Editora Novitas o mais novo conto do Cejunior, "Um Homem que Odiava".
Diz ele: Aliás, o texto não é autobiográfico, pelamordedeus!!!!.
Espero que gostem.



O homem que odiava by Carlos Emerson Junior



Tinha ódio da humanidade. Judeu, preto, japonês, viado, sapatão, nordestino, boliviano, índio, pobre, padre e até bichos de estimação. Remoía isso todos os dias, quieto no seu canto, olhando aqueles rostos repulsivos que a todo momento se aproximavam para pedir alguma coisa.
Nessas horas fechava mais ainda a cara e se fazia de surdo. Dava certo, chegava até a assustar os incautos.
Para piorar seu humor, detestava seu trabalho. Detestava seu patrão, detestava a rotina diária de tantos anos, não suportava sequer olhar para o rosto dos colegas. Precisava do dinheiro, fazer o quê... Nem se preocupava mais com o bando de jovens incompetentes que enchiam a repartição. Só queria mesmo era receber o seu no fim do mês e o resto que se dane
Simples assim.
Não tolerava crianças. Abominava qualquer coisa parecida com festas, carnaval, bailes, futebol, Natal, Ano Novo, feriados, sábados e domingo em particular. Aniversários ? Nem fale, não sabia mais sequer quando era o seu
Mulheres só pagas e com ordem expressa de não abrir a boca para falar um ai! Com o tempo e a idade, foram se tornando desnecessárias. Jamais se casara e sabia muito bem que tinha sido uma atitude correta.
Não entendia e muito menos apreciava música, livros, poesias, obras de arte, qualquer coisa que fosse considerada uma criação estética ou intelectual do homem. Isso tudo era pura enrolação para tirar dinheiro dos estúpidos.
Da mesma forma desprezava religiões de uma maneira profunda, acreditando que eram mais uma forma de influenciar rebanhos de humanos carentes em busca de um paraíso impossível.
Para o resto do mundo, não poderia haver nenhuma salvação. A raça humana era um estorvo, um carma mesmo, gente ignorante que só prestava para reproduzir e trabalhar. Saco!
Um dia ele morreu e ninguém notou. O mundo continuou a rodar e a vida seguiu. O homem que odiava a humanidade não fez falta nenhuma.
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