junho 18, 2008

Viraremos suco?



Do pó viemos. Suco viraremos?

Desde que se entendem por gente, os seres humanos ou enterraram ou queimam os seus mortos. Mas agora surge uma nova opção - dissolver os corpos em uma solução e despejar o resíduo que sobrou, um líquido marrom e adocicado, no esgoto.

O processo é chamado de hidrólise alcalina e foi desenvolvido 16 anos atrás para o descarte de carcaças de animais.

Ele utiliza uma solução estéril, aquecida a 170°C e submetida a uma pressão de 60 libras por polegada quadrada, para desmanchar o corpo em cilindros de aço similares a fornos de pressão.

Nenhuma agência funerária no mundo, segundo os fornecedores do equipamento, oferece esse tipo de serviço. Apenas dois centros médicos dos Estados Unidos o utilizam com cadáveres doados para pesquisas.Mas, devido às vantagens ambientais, algumas indústrias funerárias acreditam que um dia a tecnologia poderia se rivalizar com o enterro e a cremação.
- Não é comum termos uma tecnologia realmente inovadora no nosso ramo.

Talvez tenhamos encontrado uma - anunciou recentemente o serviço funerário Insider, dos EUA.Convencer as pessoas a aceitarem algo, à primeira vista, tão horripilante, será o grande desafio.

A legislação que tentou tornar a hidrólise alcalina disponível ao público do Estado de Nova York foi estigmatizada como a "Lei Hannibal Lecter", referência ao personagem canibal dos filmes O Silêncio dos Inocentes e Hannibal.

Mas o procedimento é legal em alguns Estados americanos, como Minnesota e New Hampshire, onde uma funerária da cidade de Manchester planeja oferecer um serviço deste tipo, embora ainda dependa de licença das autoridades e enfrente forte resistência de advogados (que querem anular a lei) e, claro, religiosos.

- Achamos que ter o corpo descartado no esgoto é indigno para o ser humano - diz Patrick McGee, porta-voz da diocese católica de cidade de Manchester.

Nem todos pensam assim. A deputada Barbara French diz que, por ela, escolheria a hidrólise alcalina.- Com a aproximação da minha hora, tenho pensado sobre a cremação, e a considero, por um lado, uma boa solução, mas, por outro, um problema ambiental - explica a parlamentar de 81 anos.

Além do líquido, o processo deixa resíduos de ossos secos, semelhantes em aparência e volume aos restos de uma cremação. Esses resíduos podem ser entregues à família em uma urna ou enterrados em um cemitério.

O líquido de cor café resultante tem a consistência do óleo de motor e um forte cheiro de amônia. Mas, segundo os fabricantes do equipamento, é estéril e pode, na maioria dos casos, ser descartado com segurança no sistema de esgoto.

A hidrólise alcalina elimina a necessidade de reservar grandes espaços para as sepulturas nos cemitérios.

O processo também não emite dióxido de carbono, como a cremação, nem libera o mercúrio que eventualmente possa estar contido nas obturações dentárias.

A Universidade da Flórida em Gainesville e a Clínica Mayo utilizam a hidrólise alcalina para se desfazer de cadáveres usados em pesquisas desde meados dos anos 90 e de 2005, respectivamente.

Brad Crain, presidente da BioSafe Engineering, empresa que fabrica os cilindros de aço, estima que existem de 40 a 50 equipamentos sendo usados nos EUA para destruir restos humanos, carcaças de animais ou ambos.

Os usuários incluem escolas de veterinária, universidades, laboratórios farmacêuticos e agências do governo.

Na Clínica Mayo, na Universidade da Flórida e em todos os demais locais que utilizam a hidrólise alcalina, o resíduo líquido resultante vai para o esgoto.

Fazer tchbum

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