setembro 18, 2008

Tarde demais




Verônika Ferber Topio é o nome da psicóloga do Abrigo Novo Rumo, de Ribeirão Pires (SP), que escreveu um relatório que os irmãos João Vitor, 12, e Igor Gioavani, 11, “manipulavam a realidade” .


Essa avaliação teria influenciado a conselheira tutelar Edna Amante a mandar os garotos para casa contra a vontade deles, depois de nove meses de internação.


Eles tentaram ser readmitidos, mas a conselheira não os aceitou. Dois dias depois, João e Igor foram mortos, queimados e esquartejados pelo pai e pela madrasta.


Em entrevista ao Diário do Grande ABC, a Isis Mastromano Correia, a psicóloga tenta se justificar: “Estão dizendo que nos laudos colocávamos que as crianças manipulavam suas intenções. No meu laudo jamais coloquei isso.


O que consta ali é uma frase de um evento que aconteceu isoladamente no abrigo, em uma situação em que um deles mentiu, disse que foi o colega que havia feito algo e não ele".


Pergunta: por que a psicóloga se valeu de uma expressão tão abrangente (“manipular a realidade”) em relação a um evento banal e isolado, como ela diz que foi? Estranho, né. Essa explicação não me convence.


Além de dizer que um dos garotos mentia, a Verônika afirmou que o reaparecimento da mãe dos meninos pode ter reacendido os conflitos entre os garotos e o seu pai e a madrasta.


Ela disse que João Vitor e Igor Giovani tinha tido um encontro com Cláudia Lopes dos Santos, a mãe, depois de anos sem vê-la. E que foi marcado um segundo encontro, mas Cláudia não apareceu.


É lamentável que a psicóloga tente de maneira enviesada atribuir aos garotos parte da culpa pelo fato deles terem sido mortos.


Deixar subentendido que o reaparecimento da mãe deixou os meninos hostis em relação ao pai e à madrasta, de modo que houvesse em conseqüência mais atritos entre eles, é que é, de fato, manipulação da realidade.


João Vitor e Igor Giovanni foram vítimas de dois monstros: João Alexandre Rodrigues, o pai, e Eliane Aparecida Antunes, a madrasta. O Conselho Tutelar de Ribeirão Pires teve a oportunidade de salvá-los, mas não o fez por descaso e incompetência.


Ao menos agora, mortos que estão, mesmo que ainda seus corpos não tenham sido enterrados, os garotos deveriam ser poupados da avaliação da psicóloga Verônika.


Caso dos irmãos mortos e esquartejados pelo pai e madrasta.



Paulo Lopes

1 Fez tchbum

Jussa (H) disse...

Eu fico aqui imaginando o seguinte: Essa psicóloga tem filhos? Tem consciência? Se tem, será que algum dia ela conseguirá dormir em paz sabendo que mandou as crianças para um "Novo Rumo", rumo esse, que ninguém gostaria de seguir, e certamente ela tb. Crianças não manipulam as coisas. Crianças são sinceras. Não são como os adultos. E esse abrigo, a última esperança dessas crianças, pq não acreditou nas crianças? Pq não as encaminhou então para um outro lar? Sinceramente não dá pra entender! Quantas crianças mais terão que passar pelo mesmo episódio? É hora, aliás, já passou da hora de se reavaliarem os erros e evitar repetí-los. Precisamos olhar com mais carinho para nossas crianças, que não tem culpa de terem pais irresponsáveis, violentos, inescrupulosos e sem nenhum senso de piedade. Abaixo a violência!!!

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